Medicina, Juventude e Liderança

BRUNO CHAMOCHUMBI ENTREVISTA PAULO ZANELLO *

 

Paulo Almasy Zanello nasceu e cresceu em Piracicaba, graduou-se na faculdade de medicina na USP de Ribeirão Preto de 1999 a 2005, com residência médica na área de Radiologia e Diagnóstico por Imagem no Hospital das Clínicas da mesma instituição. Finalizou a formação com um Research Fellow de um ano na Universidade de Georgetown em Washington DC nos EUA.

Atua desde 2011 na Clinica Zanello Diagnóstico por Imagem, fundada por seu pai, Dr. Adalberto Zanello há cerca de 20 anos. Com cinco médicos radiologistas sócios, a clínica adotou um novo modelo de negócio médico. Por seu destaque e juventude no setor, tivemos uma conversa muito positiva, em que Paulo frisou ainda a grande dificuldade que os médicos e outros profissionais de saúde têm quando se tornam empresários e têm de lidar com leis trabalhistas, leis fiscais, burocracia e outros aspectos comuns ao empreendedor. Nem as melhores faculdades no país têm programas de gestão empresarial nos seus currículos e isso é algo que faz falta. Confira:

 

Bruno Chamochumbi – Você faz parte de uma nova safra de médicos que assume grandes desafios e liderança em nossa região. Quais os conselhos que dá aos recém formados ?

Paulo Zanello – Aproveitem ao máximo a faculdade, não apenas os estudos e o conteúdo teórico, mas também a oportunidade de ter contato com pesquisa/ciência. Ter pensamento crítico e discernimento para tomar decisões e passar informações pertinentes e verdadeiras para os pacientes é algo muito importante nos dias atuais em que todos têm fácil acesso à informações que nem sempre são corretas.

Outra dica é aproveitar a parte social da faculdade de medicina (esportes, palestras, festas, congressos). É nestas atividades que desenvolvemos habilidades sociais para posteriormente lidar com pessoas e saber ouvir e comunicar informações.

 

Sua área de atuação é muito movimentada pela tecnologia. Como a tecnologia favorece a vida de seus pacientes e da área médica em geral? Cite se possível alguns avanços 

A tecnologia está cada vez mais forte em todas as profissões e na medicina não é diferente, ainda mais na área de imagens médicas. Hoje em dia podemos discutir casos complicados com outros colegas especialistas em qualquer lugar do mundo em poucos minutos. E a tendência é que essa influência tecnológica aumente gradativamente com os recentes avanços em inteligência artificial. Os computadores vão ajudar cada vez mais os médicos a fazerem diagnósticos precisos e minimizar os erros.

 

Percebemos movimentos de resgate na área médica. O médico que olha nos olhos, conhece seu paciente e o chama pelo nome está cada vez mais em destaque. Como isso pode ajudar nos diagnósticos e tratamentos?

Apesar de todos os avanços tecnológicos nada substitui o contato humano. Os médicos não podem perder nunca essa característica de dividir o sofrimento (e as vezes também as alegrias) dos pacientes. Isso é o grande diferencial de um bom médico. Conhecimento técnico é importante mas o que faz a diferença é o “olho no olho” e o “ouvido amigo”.  Muitas vezes somente esse conforto de ser ouvido e a sensação de ter alguém que se importa com o seu sofrimento é metade do caminho para a cura.

 

Prevenir é melhor que remediar. Como a as ferramentas de diagnóstico e análise podem ajudar na prevenção?

Prevenir sem dúvida é o melhor remédio. O grande aumento da expectativa de vida no mundo inteiro nas últimas décadas é resultado direto da ciência médica. Estudos populacionais bem executados trazem informações pertinentes sobre o que fazer ou não fazer para prevenir doenças e reduzir a mortalidade.  É assim que recomendações médicas como realizar mamografia, exame da próstata e exames cardiológicos anualmente após uma certa idade apareceram e aumentaram a detecção do câncer e de doenças cardiovasculares.

Por isso, quando o seu médico orienta a realização desses exames, ele não está falando apenas por falar. Seguir as recomendações realmente tem um impacto já comprovado na sociedade moderna. E não podemos nos esquecer que somos privilegiados aqui em Piracicaba e no sudeste do país em geral. Apesar dos muitos problemas, a medicina funciona relativamente bem.

 

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