O mundo vem vivendo grandes transformações. E os negócios se reinventam porque as pessoas estão mudando.
Não importa se as mudanças são mais visíveis ou sutis. O fato é que não dá mais para ter um negócio no qual o lucro é o único motivo de existência. O bom dia é ensaiado, a gramática corporativa é decorada e o companheiro de trabalho parece até duas pessoas. Acima de tudo, o lucro de uma empresa deve ser humano. Porque as pessoas precisam de muito mais que dinheiro para preencher suas necessidades.
Uma empresa precisa cada vez mais conhecer sua missão, sua função no mundo, entender definitivamente de que maneira ela pode contribuir com o funcionamento de uma nova vida.
As mudanças se aceleram porque as pessoas se sentem muito carentes de gestos solidários, comunicação criadora e responsabilidade. E as empresas estão percebendo que praticar a gentileza é um dos poucos caminhos seguros para sua própria sobrevivência. Afinal, um negócio é feito de pessoas para pessoas.
Dia desses, a máquina de café do meu escritório começou a soltar mais água que o normal. Liguei para o clube de relacionamento da marca mundial e o atendimento que experimentei foi um dos poucos que chamarei de ‘perfeito’ até hoje. A precisão e o carinho da atendente me impressionaram.
Para mim, como consumidor, fã de café e, sobretudo como pessoa, o bom atendimento proporcionou magia superior ao prazer de degustar o café! E não deixou de ser uma grande experiência com a marca, porque foi além do que eu esperava.
Uma empresa gentil é aquela que convida seus clientes a viverem momentos especiais, lembrando que todas as pessoas podem ser seus clientes. Gentileza é tratar um concorrente como um possível parceiro, mesmo que isso pareça impossível. Afinal, o mundo gira.
Gentileza é sorrir, é ser sincero: eu ‘posso’ ou ‘não posso’ fazer o que meu cliente precisa?
O mundo está a caminho de uma era na qual valerá muito quem respeita as diferenças, cria com o mínimo e tem humildade suficiente para compreender que sem amor nada se constrói. Porque amor pode ser sentido por quem dá e por quem recebe, e ele não está fora do mundo dos negócios. Às vezes tenho a impressão de que as empresas têm medo de demonstrar seus sentimentos porque isso pode ser confundido com falta de senso corporativo ou até amadorismo.
As melhores empresas não são necessariamente aquelas que têm somente boas condições técnicas, equipamentos ou ambientes sofisticados. As empresas do futuro são aquelas que confortam os anseios do ser humano, que transmitem entusiasmo, simpatia e naturalidade. Esse é o diferencial que pode ser seu.
Bruno Chamochumbi
Publicado na Revista Tutti – Edição n° 3 – Agosto de 2012