BRUNO CHAMOCHUMBI ENTREVISTA ANA FOIZER
Ana Foizer é de Castilho, divisa com Mato Grosso do Sul. Mas alma de artista nao tem lugar, é do mundo, do universo, do infinito.
Mais do que uma poesia, a música entra na vida de Ana por sua mae, que cantava em casamentos. E no meio da noivas, a avó, que fazia flores de tecidos para o grande dia.
Desde os 7 anos, as aulas de piano dao a base. Ai veio o vestibular e Ana já sabia que queria musica. Mas a faculdade acabou sendo de letras, na Unimep. Foi cantar no coral do Professor Cantoni, onde conheceu a psicóloga Margarth Zenero. Transferiu seus estudos para psicoloia.
Formada e com 2 filhas. teve clinica e foi convidada para dar aula na escolinha delas. Acabou fazendo um curso de musicalizacao infantil no SESC. Se encantou, ficou apaixonada.
E atuando como psicóloga, voltou a estudar musica.
Depois de conduzir as duas coisas, escolheu a musica. Decidiu investir tempo e dinheiro na música. A partir disso, abriu-se um universo.
Ana, com sua voz, abraça nossos ouvidos. Ela entrega corpo e alma ao oficio. Nessa conversa ela nos lembra que nao adianta trabalhar com musica, por mais profissional que se possa chegar, sem levar consigo o chamado do inicio.
O que acontece na sua vida a partir de sua escolha definitiva pela musica? Quando eu decidi o que queria, as coisas começaram a acontecer. Fui convidada a dar aulas em colégios e escolas infantis. E na minha casa comecei a dar muitas aulas, que foi o principio do que hoje é a Casa da Música. Fui atrás de formação musical, com aulas internacionais de regência, coral, musicalizaçao infantil e aulas de canto, tanto aqui quanto fora do Brasil.
Fui convidada para participar de um grupo vocal de casamentos. Eu fiquei muitos anos, e depois acabei montando meu próprio grupo de casamentos, o Anima.
De la pra cá, criei diversos grupos vocais na Casa da Musica, todos regidos por mim. Entre eles, o Corus Cante e Ligaleve.
Com premios no mapa cultural e outros, estamos comemorando um momento magico.
Qual a importancia da musica para o atual momento que vivemos?
Nao so a musica, mas todas as artes nos devolvem a sensibilidade, muitas vezes perdida por causa da velocidade das informações e da forma descartável como as coisas vem relacionando. A música traz de volta isso e esse fazer, o artesanal. Fazer música dá trabalho, pede investimento mas vale a pena. Porque eu vejo nos depoimentos das pessoas que cantam. Por exemplo, tenho alunos que depois que começaram a cantar, ficaram muito mais autoconfiantes. Se arriscam. Problemas de saúde sao superados mais facilmente quando a musica está presente. As coisas mudam dentro da gente com a musica. É biológico. Ela atua no emocional e no físico. Tem uma pesquisa na Alemanha que recolheram sangue das pessoas de um coral, 2 horas antes e também depois do ensaio. As plaquetas tinham subido. As vezes chego cansada num ensaio e saio no maior pique. Realmente acredito nisso e sinto no meu corpo.
Fale sobre o negócio da música no brasil
Eu vivo de música. Vivo bem, mas no Brasil a profissão de músico ainda é sofrida. A musica para a massa é para esquecer as desgraças e rebolar. Mas se nao for pra massa, tem que ter ainda mais estratégia, é muito diicil. Sinto que muitos profissionais de musica nao sao tratados de forma profissional, isso atrapalha o desenvolvimento da profissão, é ruim para todos. O comportamento profissional fica sofrido. Meu grupo tem alto padrão porque eu prezo por isso e cuidamos de tudo: do instrumento afinado ao paletó abotoado.
Como você enxerga as tecnologias a favor da produção musical
Hoje temos mecanismos muito apurados, desenvolvidos, para cuidar do som. Cada hora aprece coisas mais refinadas. Nosso equipamento já e todo digital e isso faz a diferença.
O que a musica faz com você?
Ela me devolve eu mesma. Meu equilíbrio, meu centro. Eu preciso fazer musica todos os dias. Quem trabalha com musica ouviu um chamado, um dia. Mas o trabalho é grande. Agora, nao podemos so trabalhar e esquecer da chama. Acredito que a musica é para o ser humano e eu trabalho nela de forma global.